quarta-feira, 9 de julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008, 1:30 da manhã

Excursion into philosophy, E. Hopper
"En un soliloquio, 'yo' tiene sentido en la medida en que está presente el 'otro' como un interlocutor possible, en la memoria, espectativa o imaginación de quien habla. Un autor, en soledad, puede escribir 'yo' con sentido, porque tiene en mente algúno destinatario, real o ficticio; y en la íntima meditación puedo llamarme 'yo' cuando me embarco en algún diálogo ficticio, con mi 'alma', mi 'conciencia' o mi 'Dios'." L. Villoro
 
Sou uma criança. Basta olhar nos meus olhos e ver esta angústia bondosa que só as crianças têm, esta angústia calma de quem jamais mataria a menos que lhe mandassem, a menos que lhe pedissem. Lembro-me que quando era pequeno, perguntavam: você quer este ou este? E eu nada dizia. Eu era - e sou - uma criança, muito desesperada, no fundo de uma sala de aula. 22! Presente. Presente? Talvez. No fundo. Abandonada. Há apenas o som seco da bola explodindo na quadra de vôlei, a torcida distante, ou só o eco, o som agudo dos tênis novos na cancha de futsal, comemorações surdas. É uma escola velha, no meio do nada, a estrada de chão, um predinho no meio do deserto, uma faixa de tinta a meia altura. O quadro, o quadro nunca foi tão negro. Um vidro quebrado, todos foram embora. Há alguns anos. Há apenas a poeira que um carro levanta. Há alguns anos, todos entraram nos carros de seus pais e se foram, cresceram, pegaram diploma, se casaram. Eu fiquei, no fundo da sala: uma criança. Sozinha. Esquecida. Esperando as tropas americanas.

9 comentários:

Cris Medeiros disse...

Lindo texto! Fez lembrar minha infância!

Beijos

Anônimo disse...

:ó(

[n.]


pelo jeito:
o dia deu em adágio

Giuliano Gimenez disse...

bicho,
depois da aula de vida do antonio torres e do papo sobre memória, você descarregou tudo.

gostei bastante

Giuliano Gimenez disse...

a propósito, comprei uma edição batuta demais d'Os homens dos pés redondos...

O Antagonista disse...

Simplesmente belo.

Parabéns.

Valeu

Giuliano Gimenez disse...

só não entendi direito a angústia bondosa que só as crianças têm...

Lígia Pin disse...

Essa
sensação-memória-fração-depressiva me encanta.
Beijos

Anônimo disse...

ei, olhe meu blog.
E me adicione no orkut em seguida.

Começar de novo

Beijos

Giuliano Gimenez disse...

bicho, você precisa ler a Enciclopédia Britânica Brasileira: Kant, que o Millor Fernandes escreveu. Genial!
Estou, pouco a pouco, degustando esse grande humorista. Tipo: em doses homeopáticas.