sábado, 28 de abril de 2007

citação

"Pienso que acabo de perder la fe en este momento, y al no tener fe, ya no creo en Dios ni en el infierno. Si no creo en el infierno ya no tengo miedo, y sin miedo, soy capaz de cualquier cosa"
- trecho do filme "Má educação" de Almodóvar

Balada do amor egoísta

Você me namora
Eu me namoro
Nós me namoramos
Você me ama
Eu me amo
Nós me amamos
Você me tem
Eu me tenho
Nós me temos

terça-feira, 24 de abril de 2007

citação


..."Mother, everytime I call you home, you are in church. Father, eveytime I call you home, you are saying: true devotion is the way... Sister, everytime I call you home, you are shopping"...

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Poema engajado

"Há homens que lutam um dia e são bons
Há outros que lutam um ano e são melhores
Há aqueles que lutam muitos anos e são muito bons
Porém há os que lutam a vida toda
Esses são os imprescindíveis"
(Brecht, citado por Mercedes Sosa
em "Sueño con serpientes")
Enquanto mil morrem de fome
E de frio morrem mais mil
E outro tanto quer partir
O pessoal de Humanas
Está dando uma frangada
(Otávio)

domingo, 15 de abril de 2007

citação

Como diz Wilson Bueno, "eu não leio Clarice Lispector,
Eu rezo Clarice Lispector":

"A porta para o interior da casa abriu-se finalmente e sua tia com um robe de flores grandes precipitou-se sobre ela. Antes que pudesse fazer qualquer movimento de defesa, Joana foi sepultada entre aquelas duas massas de carne macia e quente que tremiam com os soluços. De lá de dentro, da escuridão, como se ouvisse através de um travesseiro, escutou as lágrimas:
- Pobre da órfãzinha! (...) Joana recebeu beijos angustiados pelos olhos, pela boca, pelo pescoço. A língua e a boca da tia eram moles e mornas como as de um cachorro. Joana fechou os olhos um instante (...) Os seios da tia eram profundos, podia-se meter a mão como dentro de um saco e de lá retirar uma surpresa, um bicho, uma caixa, quem sabe o quê...
- Me deixe! - gritou Joana agudamente (...) As paredes eram grossas, ela estava presa, presa! Um homem no quadro olhava-a de dentro dos bigodes e os seios da tia podiam derramar-se sobre ela, em gordura dissolvida. Empurrou a porta pesada e fugiu."(Perto do coração selvagem)

sábado, 14 de abril de 2007

Curitiba ou Crônica

No terminal guadalupe, um menino joga bombinhas nas pombas:
- Ah, essa faiô - fala ao seu pai, que está atrás de mim na fila do ônibus.
Na minha frente, uma mulher atende o celular:
- Sei quem é não. Não, não sei quem é.
O ônibus chega e, no andar da fila, passo pelo cego da esmola e o fito bem nos olhos, brancos e entrecerrados, que parecem se desviar dos meus.
Entro. No banco da frente uma senhora diz para o filho que resmunga:
- Vai começar, brancão? Vai começar, brancão?
Passo a catraca, sento no fundo, de costas, um rapaz senta ao meu lado mas logo dá o lugar para a mulher com criança.
- Senta, filha - diz ela, todos olham.
- Vem no colo da mãe - arrisca.
A menina, de uns quatro anos, troveja como um deus em furia.
- Então fica sentadinha - aquiesce a mãe.
A menina esperneia que lhe compre um doce, que lhe amarre o tenis e, afinal, que a mãe se sente. A mulher acomoda o corpo gordo ao meu lado, mas o ônibus já chegou ao ponto final.
A menininha, agora no colo, se agarra ao ferro na frente, peço licença para descer.
- Tira a mão pro papai passar, larga pro papai passar.
"Papai", pensei, e tive vontade de rir.

(Otávio, no ônibus)

Citações


Manhã de estio (Francisco Karam)

Uma bandeira estonteante andando
Sacudida pelo vento.

O arremesso guerreiro do busto
Dentro da blusa fina.

O rosto atirado para frente,
A esbarrar-me os olhos,
Para passar sobre mim
Victoriosa.


Privilégio (Millôr Fernandes, na Veja)

Sol terno nesta hora da manhã. Vou caminhando tranquilamente pela praia, numa distância prudente daquele esplendor seminu que anda à minha frente. No privilégio de seus subvinte ela rebola suavemente, na absoluta segurança de que seu rebolado é genético, vindo de gerações de mulheres belas e úteros bem alimentados, acrescentado em sua graça pelos olhares ávidos, culturais, que a seguem pelas ruas e areias de Ipanema.
A um dado momento não resisto. Avanço alguns passos e pergunto:
"- Perdão, senhorita, que cerveja está anunciando?"

domingo, 1 de abril de 2007

citação

"- Onde estão os homens? repetiu enfim o principezinho. A gente está um pouco só no deserto.
- Entre os homens também, disse a serpente."
(Antoine de Saint-Exupéry no Petit Prince)

rejeição

Rilke aconselhava não fazer poemas de amor, por isso os que eu faço são de desamor, inamor:

ela faz parte de você
mas está sempre distante
como se os dedos pegassem sem a mão
onde o braço não alcança
você não é o todo dela
ela é a pele que escama no frio
a unha que fica preta
a parte de você que não te quer

n'O país d'o Azul

Bonachão
Um simpático mosquito
Me deu tchau com a mão

Então me fiz do tamanho do azul
Caí no sulco da madeira
Vomitei vernizes
Fiz as malas de couro de minhoca
Fui parar ao lado do sem-lado
Tão despreocupado
Que nem vi o fruto cair
Verde
Na altura do azul

E sentado
Um cachorro me olhava
De sua cachorrice

(Otávio, batendo meu recorde de metáforas)