para Assionara, porque Cecília existe
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A ameaça cresce, mais um copo chiando no ouvido com pêlos, o dono é patético, os olhares se encontram. O gato não é real, pensa ele, namorando o bicho. O susto nos olhos é calma que olha pra dentro, planejando a lambida certeira. Sim, tudo está escrito, o gato sempre existiu, na forma de vapor que entorta o ar, de fogo que sai da coca, de tragadas de cigarro e orgasmos: o gato sempre esteve lá, cronometrando o tempo de esfregar o olho. Este que, vermelho, filtra o mundo em preto e branco e dá sentido àquele que não se sabe homem. O dono cospe no chão um sangue preto brilhante, o gato acompanha em câmera lenta.
O primeiro sinal, vai até lá, a saliva mal ferve, como colher amostras? Circula, inspectivo, nos ombros a sensação esquecida de que Deus está vendo, o dono é sobretudo patético. Quantos donos se escondem atrás do cenário? O duelo recomeça, orelha e bigode, tudo pronto. Apenas o felino sabe o segredo, mas pode que o dono ateie fogo pra ouvir miados vivos.
O mundo conspira contra, o dono pisa no cuspe, o segundo sinal. Contagem regressiva, uma onda percorre o rabo, rabo ou pavil? Recua. O futuro tem vida própria.
4 comentários:
ahn?!
isso q dá misturar cecília com coca
Can't you see the cat?
Decifra-me...
.qué lindo-lin-dolin!.
.isso é quase como que um tirado de prefácios roseanos.
o que é metafísica?
um cego,
num quarto escuro,
procurando um gato preto,
que não está lá...
[onde estará?]
nunca ouvi definição melhor da metafísica.
mas será q o gato não tá lá?
olha q tá.
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