terça-feira, 30 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
O dia em que me suicidei
"fala ae rapá,sim,acho q entendo,li agora tua crônica a este respeito;a internet veio como um circo de egotismo e paranóia,nada impede que brinquemos nisso aqui,que sejamos egotistas e paranóicos,pois somos;olhar-se no espelho e a melhor ou pior coisa,cair de cara nele como narcisos afoitos é ainda uma incidencia mais comum e necessária,;quando entrei no showkurt,busquei manter apenas contato com algumas pessoas de Ctba e talvz do RJ,colecionar clips(diversão de bebado entediado) e tambem quis saber o q havia ficado p.trás,colegas,inimigos,amigos,ver o como todos dançam nessa,encontrei o perfil de um amigo,o qual depois decobri q estava morto,foi à ele quem dediquei aqule poema entitulado'kadish'pois o cara era judeu,ele se preocupou antes de se suicidar em caprichar o perfil,como dissesse"Não me esqueçam ou Amo a todos vcs"a questão aí é a velha necessidade de integração e de se reconhecer pessoa,tudo isso recheado e sustentado num tipo de anonimia pós moderna,onde se tem nome e realidade,porem,continua-se anônimo,tem o nome,um perfil,uma face,um povoamento,acha q tem fãs e comunidades,mas,se falta pele,tudo isso é mera esquizofrenia,heterônimos vazios;sempre digo que falta a nossa época é pele,estamos com os ossos demais expostos,quase esfarinhados..."
Com isso, não pude deixar de me remeter ao monólogo "A Queda" de Albert Camus:
"Confesso-lhe o meu cansaço. Perco o fio dos meus relatos, já não possuo aquela clareza de espírito à qual os meus amigos se compraziam em prestar homenagem. Digo amigos, aliás, por princípio. Não tenho mais amigos, só tenho cúmplices. Em compensação, o seu número aumentou, são o gênero humano. (...) Como sei que não tenho amigos? É muito simples: eu o descobri no dia em que pensei em matar-me para lhes pregar uma boa peça, para puni-los, de certa forma. (...) No que me diz respeito, já consigo ouvi-los: 'matou-se porque não pôde suportar que...' Ah! caro amigo, como os homens são pobres de inventiva! Julgam sempre que nos suicidamos por uma razão. Mas podemos muito bem suicidar-nos por duas razões. Não, isso não lhes entra na cabeça. (...) Uma vez morto, eles se aproveitarão disso para atribuir ao gesto motivos idiotas ou vulgares. (...) Olhe, depois de tudo que lhe contei, que acha que me aconteceu? Nojo de mim mesmo? Ora!, convenhamos, era sobretudo dos outros que estava enojado. (...) Meu caro amigo, não demos pretexto para nos julgarem, por pouco que seja! Caso contrário, nos deixam em pedaços. (...) Compreendi isso num relance, no dia em que me ocorreu a suspeita de que, talvez, eu não fosse tão digno de admiração. A partir de então, passei a ser desconfiado. (...) Sentia-me vulnerável e entregue à acusação pública. (...) A partir do momento em que temi que houvesse em mim qualquer coisa a ser julgada, compreendi, em suma, que havia neles uma vocação irresistível para julgar. (...) Eis o que nenhum homem consegue suportar. A única defesa está na maldade. As pessoas apressam-se, então, a julgar, para elas próprias não serem julgadas..."
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Je vous salue, Marie
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Citação
domingo, 21 de dezembro de 2008
Um dia desses
de tanto me perder, de andar sem sono
por essa noite sem nenhum destino
por essa noite escura em que abandono
uns sonhos do meu tempo de menino
de tanto não poder mais ter saudade
de tudo o que já tive e já perdi
dona menina, eu me resolvo agora
a ir-me embora pra bem longe daqui.
um dia desses eu me caso com você
você vai ver ai, ai, você vai ver
um dia desses, de manhã, com padre e pompa
você vai ver como eu me caso com você
meu pobre coração não vale nada
anda perdido, não tem solução
mas se você quiser ser minha namorada
vamos tentar não custa nada
até pode dar certo
ai ai
e se não der eu pego um avião, vou pra xangai
e nunca mais eu volto pra te ver.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Pô, tá virando perseguição
sábado, 13 de dezembro de 2008
Amor
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Quando Nietzsche chorou
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
CANÇÃO DO AMOR IMPOSSÍVEL
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Citakant
domingo, 19 de outubro de 2008
Você diz
As suas manias, suas opiniões
Seu jeito torto de estar no mundo
Pouco me importa
Sua ética profissional
Seu ateísmo metodológico
Sua consciência de classe
Por que haveria de me importar?
Sua opção preferencial pelos pobres
Seus ataques apaixonados
Seu humanismo barato
Seu voto em branco
Sua voz alterada
Pouco me importa a sua solidão
O seu som, a sua fúria
E esta pressa de viver
Pouco se me dá
O seu disco do Belchior
O seu livro preferido
Sua crise existencial
A sua falsa modéstia
Sua timidez, pouco me importa
A sua pena de si mesmo
Suas mágoas, remorsos
As suas próprias razões
Ou em quantas línguas
Você sabe dizer eu te amo
Porque, baby, I don't care.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Eu não gosto de Deus
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Entrevista com Rodrigo Madeira
"Quando escrevi 'bilhete'*, do livro 'sol sem pálpebras', por sinal o último poema do livro, algumas pessoas (basicamente as pouquíssimas que leram o livro) acharam que eu estava meio que anunciando um suicídio. Pode ser, é uma possibilidade. Há sempre em nós alguém que anuncia um suicídio".
escrevi um verso
um poema
um livro
.
e daí?
.
se a esquadria do que escrevo
não me segura
o esqueleto de água
.
se vou morrer
se vais morrer
se vai morrer a língua
em que escrevo
se vai morrer o país
que fala minha língua
e todas as linguas de todos
os países que falam
.
por que esta teimosia
de escrever?
.
por que não deixar
o passado fedendo
o futuro mentindo
impunemente
o presente apenas
o que já vai deixando de ser
.
escrevo como quem
vive e não vai viver
.
não como quem
à visitação pública
em terras de amanhã
se enraíza e flora
.
eu escrevo não para ficar,
meu amor,
.
escrevo para ir embora
sábado, 11 de outubro de 2008
Dias úteis
domingo, 5 de outubro de 2008
Réquiem para Chorão
sábado, 4 de outubro de 2008
Revelação divina do Inferno
- Olha esses homens, como têm medo de mim
E no entanto eu não tenho feito
Senão andar por aí
E mirar o olhar dos mendigos
Antes de morrerem de frio
Eu que, ao lado de Deus,
Vi os loucos serem recolhidos à bastilha
E os homossexuais serem torturados
Eu que quando vi Maiakovski e Sylvia Plath se matarem
Apertei a mão de Deus em silêncio
Eu que trago este ar sombrio
Que põe os psiquiatras em pânico
No entanto não sou mau
A não ser na frieza que trago no olhar
Vivendo entre os homens
Nunca os induzi ao mau
Mais que o Destino
Não tenho feito senão
Acompanhar a rotina dos bêbados
E sentir com eles o vômito emergir à garganta
Ou, em outras praias,
Sentir na língua dos namorados
O LSD que derrete no beijo
Eu que sou o filho mais novo de toda beata
E o recepcionista de igrejas e hospícios
Ah! Eu nem sempre fui tão frio
No início de tudo, eu vi Deus
Pôr elétrons pra girar em torno dos núcleos
E até lhe ajudei
A pôr os planetas em torno de estrelas
E assim nós dois, juntos,
Fizemos os átomos e os sistemas solares
E eu me lembro bem quando Deus me disse:
- Deste núcleo se fará ainda uma bomba!
E havia brilho nos seus olhos.
E vi, assustado, Deus em fúria me dizer:
- Vê estes planetas? Vão se chocar entre si.
E Deus riu um riso mau.
E me olhou com indiferença antes de dizer:
- Colocarei animais neste planeta aqui
E farei alguns pensar que são grandes e inteligentes
E encherei seus peitos de vaidade
E sairão lutando um contra o outro
Alguns perderão o juizo
E sairão cantando nas ruas
E em dizendo isso
Deus me olhou como quem volta a si e disse:
- Não se assuste, meu velho!
Colocaremos neles, eu e você,
Alguma esperança e medo
Pra que arrastem suas existências
Movidos por qualquer lógica
E poderemos, nós os dois,
Ver o desespero surgir dentro deles
E a lágrima verter em seus olhos
E talvez nos causem pena
E ainda assistiremos
- nós dois, meu chapa! -
Seus corpos crescendo sobre a terra
Definhando de desejo por outros corpos
E veremos nos seus olhos débeis
O brilho da angústia!
E os anjos assistirão conosco.
domingo, 21 de setembro de 2008
Citação
Não sei que cousas me lembra...
Lembra-me a voz da criada velha
Contando-me contos de fadas
E de como Nossa Senhora vestida de mendiga
Andava à noite nas estradas
Socorrendo as crianças maltratadas...
Se eu já não posso crer que isso é verdade,
Para que bate o luar na relva?
Alberto Caeiro, O Guardador de rebanhos, XIX
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Água Perrier (Adriana Calcanhotto): ilustrando
nem mostrar novos mundos
pois eu, meu amor, acho graça até mesmo em clichês.
Adoro esse olhar blasé
que não só já viu quase tudo
mas acha tudo tão déjà vu mesmo antes de ver.
Só proponho
alimentar seu tédio.
Para tanto, exponho
a minha admiração.
Você em troca cede o
seu olhar sem sonhos
à minha contemplação:
aí eu componho uma nova canção
Adoro, sei lá por que, esse olhar
meio escudo:
...que em vez de meu álcool forte pede água Perrier, que em vez de qualquer álcool forte pede água Perrier, que não quer o meu álcool forte e sim água Perrier
___
___
Conversas
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Partícula de Deus!?!
com as novas invenções
queremos notícia mais séria
sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
na emancipação do homem
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Psicanálise e Educação Especial
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Descartes (2)
(Descartes, em retrato de Jan Baptist Weenix, onde se lê, a pedido do próprio filósofo: monde est fable, que quer dizer: o mundo é fábula)
"...conceber o pensamento como consciência significa comprometer-se ao menos com a tese de que todo modo de pensamento tem a forma do Eu penso que p." (Lia Levy, que prossegue em nota de rodapé: "Associo-me, pois, oficialmente, à turma dos 'p que p', termo gentilmente cunhado por Bento Prado Neto, segundo reza a lenda, em oposição aos 'odara'...")*
*se alguém entendeu a segunda parte desta piada acadêmica, deixe um comentário explicando e faça um pseudo-intelectual feliz: o que são os odara? E pra fechar, deixo-lhes aqui uma charge:
domingo, 3 de agosto de 2008
Tirando a cutícula (ou Édipo revisitado)
- Só a mão, de rosa.
- E aí, que que conta de novo?
- Ah, agora só tô curtindo meu amorzinho.
- Ah é? Me conta, quanto tempo já?
- Vai fazer oito meses.
- E é bonito ele?
- Menina, um gato. Uns olhões azuis! Não, e hoje: fui levantar para sair, quase que derrubo ele da cama, ele só me olhou...
- Vocês tão dormindo juntos?
- Sim, prefiro não deixar ele sozinho, melhor não arriscar. Já esses dias ele saiu com minha irmã, eu fiquei me mordendo de ciúmes, mas deixei.
- Moderna você, hem?
- Tem que ser, né? Mas esse Paulo Sérgio me apronta cada uma. Menina do céu, ainda ontem ele queria porque queria meu peito, tá, tudo bem, dei o esquerdo pra ele. O safado meteu os dentes, tá doendo até agora.
- Nossa, que selvagem!
- É, mas eu tô cortando as regalias dele, faz um mês que eu parei com a chupeta, ele só pensava nisso!
- Nem me fale, homem é tudo igual mesmo!
- Isso não é nada, imagine quando começar a andar!
quinta-feira, 24 de julho de 2008
O silêncio dos intelectuais
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Entrelinhas
Antigamente eu achava que ficava em silêncio por timidez.
Hoje eu sei que é apenas por não ter o que dizer.
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Antigamente eu achava que sofria de insônia.
Hoje eu sei que é apenas medo
de dormir e não acordar.
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Antigamente eu achava que tinha dores musculares.
Hoje eu sei que é meu próprio anjo da guarda
que me atinge com um taco de beisebol.
PS: Insônia mata? então talvez eu morra logo, mas já troquei meu travesseiro por um que preenche o espaço do ombro até a cabeça, então talvez eu não morra. Acontece que esta noite eu tive uns três pequenos sonos isolados, dormia uma meia-hora e ficava com os olhos abertos no escuro mais umas três horas, de um lado pro outro, os pés pra fora por causa do calor, sem falar que eu estava muito, muito cansado, então de manhãzinha começou a chover e eu dormi algumas horas seguidas, quando acordei parecia que tinha saído de uma maratona ou de uma luta (e o pior é que eu perdi, eu perco todas). E assim de post scriptum em post scriptum eu vou fazendo meu diário, porque no fundo eu sou piegas mesmo, mas acho que com este travesseiro e menos café tudo se ajeita.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Aula de Matemática
A aluna reclama do professor de matemática:
- Eu não consigo prestar atenção nas aulas de matemática, o professor tem uma cicatriz aqui no pescoço, aí quando ele vai sem gola alta parece que aquilo tá vivo. Dá até um troço.
(Otávio, no ônibus)
De Schopenhauer aos Anônimos
"Rousseau já disse: 'todo homem honesto deve assinar os livros que publica', e proposições afirmativas gerais podem ser invertidas por contraposição. A afirm..." [opa, espera aí, entendeu? Acho que ele está dizendo que todo aquele que assina deve, também, ser honesto, vamos em frente:] "A afirmação vale mais ainda para os escritos polêmicos [...] A liberdade de imprensa que foi finalmente alcançada na Alemanha, para em seguida sofrer o abuso mais indigno, deveria pelo menos ser condicionada por uma proibição de todo e qualquer anonimato e do uso de pseudônimos. [...] Usar o anonimato para atacar pessoas que não escreveram anonimamente é evidentemente desonroso. Um crítico anônimo é um sujeito que não quer assumir o que diz ou o que deixa de dizer ao mundo acerca dos outros e dos seus trabalhos, por isso não assina. [...] Não há mentira que seja tão insolente a ponto de impedir um crítico anônimo de usá-la: de fato, ele não é responsável. [...] Por isso, a cada vez que se faz referência a um crítico anônimo, mesmo que seja de passagem e sem reprovações, deveriam ser empregados epítetos como: 'O canalha covarde e anônimo diz' ou 'O patife anônimo disfarçado diz naquele jornal', entre outros. Esse é, de fato, o tom razoável e apropriado para falar de tais camaradas [...] uma pessoa assim é ipso facto um fora-da-lei. Ele é o Sr. Ninguém, e qualquer um tem a liberdade de explicar que o Mr. Nobody é um patife. Por isso, especialmente nas respostas às críticas, os críticos anônimos devem ser tratados com termos como 'patife' e 'canalha', em vez de recorrer, como fazem por covardia alguns autores contaminados pela corja, a tratamentos como 'o prezado Senhor Crítico'. [...] E quando alguém conseguir o mérito de arrancar o capuz de um destes camaradas, depois de ele ter sido posto na berlinda, e arrastá-lo pelas orelhas na frente de todos, tal criatura notívaga despertará grande júbilo à luz do dia. [...] Uma impertinência especialmente ridícula da parte de tais críticos anônimos é o fato de eles, como os reis, falarem usando o 'nós', quando deveriam usar não só o singular, mas até o diminutivo..." [...]
(SCHOPENHAUER, A. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2006)
- Garçon, um Schop! Estúpido!
domingo, 20 de julho de 2008
Descartes
"...nada sou, pois, falando precisamente, senão uma coisa que pensa, isto é, um espírito, um entendimento ou uma razão (...) Eu não sou essa reunião de membros que se chama o corpo humano, não sou um ar tênue e penetrante, disseminado por todos esses membros; não sou um vento, um sopro, um vapor, nem algo que posso fingir e imaginar, posto que supus que tudo isso não era nada..." (Descartes, Meditações)
Gassendi fez a seguinte objeção:
"Dizei-me, eu vos peço, ó alma, ou o que quer que sejais, corrigistes até aqui este pensamento pelo qual vos imaginais ser algo semelhante ao vento ou a qualquer outro corpo desta natureza, espalhado em todas as partes de vosso corpo? Certamente não..."
Descartes respondeu o seguinte:
"Começais por uma figura de retórica bastante agradável que se chama prosopopéia, a me interrogar, não mais como um homem inteiro, mas como uma alma separada do corpo; (...) Dizei-me, portanto, suplico-vos, ó carne, ou quem quer que sejais, e qualquer que seja o nome pelo qual desejais ser chamado, tendes tão pouco comércio com o espírito que não pudestes notar a passagem em que corrigi esta imaginação do vulgo pela qual fingimos que a coisa que pensa é semelhante ao vento ou a algum outro corpo desta espécie?"
E mais adiante...
"o que aqui alegais, ó boníssima carne, não me parece tanto objeções quanto algumas murmurações que não têm necessidade de réplica"
E ainda...
"E não vejo, ó carne, sobre qual argumento vos fundais para assegurar com tanta certeza que um cão discerne e julga da mesma maneira do que nós, a não ser que, vendo que é também composto de carne, vós vos persuadais de que as mesmas coisas que se acham em vós encontram-se também nele"
sábado, 19 de julho de 2008
Poema engajado nº3
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Vamos comer Caetano
e dos orgasmos múltiplos
quarta-feira, 16 de julho de 2008
quarta-feira, 9 de julho de 2008
quinta-feira, 10 de julho de 2008, 1:30 da manhã
Excursion into philosophy, E. Hopper |
terça-feira, 8 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
quarta-feira, 2 de julho de 2008
QUADERNA
Quatro pontos cardeais
Quatro estações do ano
Quatro cantos num cubo
Quatro laterais de um campo
Quatro trevos que descubro
Quatro lados da moldura
Quatro elementos na natura
Quatro pontas de uma estrela
Quatro balas de alcaçuz
Quatro pontas num compasso
Quatro horas da manhã
Quatro rodas num carro
Quatro sementes de romã
Quatro sinais da cruz
Quatro mundos por segundo
Quatro quartos numa casa
Quatro pernas de uma mesa
Quatro pessoas numa mesma
Quatro pássaros sem asas
Quatro brilhos nesta espuma
Mas só uma vida, só uma.
sábado, 28 de junho de 2008
auto-ajuda americana: modo de ler
Mas toda esta turma está correndo sérios riscos, pois está se formando uma séria concorrência de uma galera aí do norte, destes livros que sempre começam com números: 7 leis para ser feliz, 10 caminhos para fazer sucesso, 7 sacramentos da felicidade, 5 mandamentos dos pais, 8 dicas para ser um bom cunhado, porque as mulheres têm voz fina e os homens falam grosso etc. Quando você vai olhar a orelha, está dizendo que o cara é filósofo! Quer dizer que o século 21 está cheio de novos Sócrates! Talvez eles até tenham passado por uma faculdade de filosofia na califórnia ou em boston, arranhando um Dewey ou um Adam Smith e fazendo do dever kantiano o emblema do puritanismo white anglosaxonic protestant, mas eu faria questão de falar bem baixinho numa destas orelhas que a filosofia é o único curso em que, quando você se forma, não é nada! Filósofo? Tudo bem, pode até ser, o assunto aqui é mesmo a ironia, não é?
Certa vez um amigo disse que, assim que se formasse, escreveria um livro chamado "Como ganhar dinheiro escrevendo livros de auto-ajuda", um livro, dizia ele, típico de filósofo frustrado. Mas eu acho que a concorrência, mais do que na filosofia, está mesmo é no humor. Estes dias peguei um livro, que meu pai me obrigou a ler, chamado "Os segredos da mente milionária" e posso dizer que me diverti muito, parte dos capítulos era destinada a uma espécie de apologia da riqueza, mediante a crítica do preconceito que a "mente pobre" tem dos ricos, eu realmente dei umas boas risadas, e muito sinceras, que fizeram diminuir o meu Veríssimo na estante. Percebi que há algo a ser aproveitado em toda esta sub-literatura, ou melhor, que ela é perfeita. Basta escrever um prefácio deixando claro que se trata de uma caricatura e, como num passe de mágica, todo o conteúdo passaria, sem mudar uma linha sequer, de auto-ajuda para paródia da mesma.
Sem essa de que auto-ajuda americana é sub-literatura, ela é, na verdade, algo tão sutil que traz em si a própria paródia, são livros auto-depreciativos por excelência, um neo-kafkianismo, as pessoas é que os lêem de forma errada, ipsis litteris, basta uma mudança de point of view e voilà! Temos o melhor humor que já se produziu em todos o tempos, envolvido na mais fina sutileza, longe de qualquer ironia grosseira, de quaisquer críticas cheias de remorso, pois a melhor forma de falar mal de alguma coisa é amando esta coisa, só assim este falar-mal é completamente imparcial. E, então, poderíamos dizer: quem diria! um escritor tão medíocre era, na verdade, uma revelação do humorismo!
quarta-feira, 25 de junho de 2008
4 ou 5 (ou meia-dúzia?) coisas inúteis q sei de cor
p/ Ana Carolina, querida amiga virtual
por quem alimento grande simpatia*
1. as preposições;
2. contar até 10 em japonês;
3. rezar o pai-nosso e a ave-maria em ucraniano;
4. cantar eduardo e mônica e faroeste caboclo (o que não é tão inútil, pois é bom em acampamentos);
5. o alfabeto grego;
6. e a bíblia (na verdade, esta última eu não sei de cor: é apenas inútil).
Apesar de inútil (ainda que não mais do que a vida), dá pra encontrar alguma utilidade nisso tudo. Por exemplo, afastar os pedantes: quando aquele primo chato chega se exibindo porque aprendeu a tocar jesus, a alegria dos homens ou a nona sinfonia no teclado que ganhou da avó no natal, você pega e declama o alfabeto de alfa a ômega (ainda que não saiba nenhuma palavra em grego, afora um êidos ou uma ousía e ainda assim transliterados). Aliás, mais do que pedantes, dá pra afastar a companhia, igualmente indesejada, de intelectuais: se o cara chegar se gabando, só porque obteve a livre-docência defendendo tese sobre as lógicas bi-modais do tempo ou o Tractatus de Wittgenstein, você logo revida - e daí? Eu sei rezar o pai-nosso e a ave-maria em ucraniano! Mas a principal utilidade, última na ordem mas não na importância, é elevar a auto-estima em meio a momentos de extrema depressão. Quando dá aquela vontade de se matar, sempre penso: não posso morrer, o que seria do mundo sem alguém que sabe as preposições de a a trás!
*a título de meme
ps: a gente escreve livro e não consegue publicar... nós é inútil!
domingo, 22 de junho de 2008
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Citação*
(...) Se eu escrever um poema
esse não é motivo para te importunar
eu escrevo muitos poemas
e tu trabalhas de manhã cedo
toda gente sabe que a noite é longa
não tenho o direito de telefonar
para te dizer isso
apesar desta evidência
me matar agora
e morro
mas não morro
se morresse perguntavas:
por que não telefonaste?
se telefonasse, perguntavas:
sabes que horas são? (...)
terça-feira, 10 de junho de 2008
Repercussões da obrigatoriedade
- Filosofia é filosofia: filosofia é uma bosta. Sociologia até que é legal...
Neste momento levantei minha cabeça sangrenta aos céus e clamei: Eli, Eli, lammá sabactáni? [Deus meu, Deus meu, por que me abanbonaste?] Isto me remeteu a uma época em que pegava sempre o mesmo horário, e o ônibus parava num ponto, e entrava toda a criançada com a mochilinha da faculdade: Jornalismo - UniEsquina; Direito - UniEscambal... e eu vim uma dessas viagens inteiras ouvindo duas coleguinhas a dizer que o professor de filosofia era chato, feio e bobo. Sem falar que só comia marmelada.
Mas, como diria aquela velha reza popular, a voz do povo é a voz de Deus. Sim, e como diria Luiz Vilela, o homem é uma cagada de Deus.
domingo, 8 de junho de 2008
O existencialismo é um humanismo: zera a reza!
Sartre nosso que estais na estante
Citado seja o vosso nome
Venham a nós os vossos livros
Seja feita a liberdade
Assim no Ser como no Nada
O absurdo nosso de cada dia
Nos dasein hoje
Perdoai-nos as nossas paródias
Assim como nós perdoamos
A quem nos tem par-odiado
E não nos deixeis cair em angústia
Mas livrai-nos da náusea. Amém.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Boas novas
02/06/2008 09:13:12
(...)
O presidente da República, em exercício, José Alencar, sanciona nesta segunda-feira, 2, às 16h, no Palácio do Planalto, a lei que torna obrigatório o ensino das disciplinas de sociologia e filosofia nas escolas de ensino médio, públicas e privadas. A lei foi aprovada primeiro na Câmara dos Deputados, onde o projeto começou a tramitar em 2003, e no dia 8 de maio deste ano, no Senado.
Para tornar obrigatório o ensino de sociologia e filosofia no currículo do ensino médio, o Congresso Nacional alterou o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. A obrigatoriedade, segundo a lei, entra em vigor a partir da sua publicação no Diário Oficial da União. (...)
domingo, 1 de junho de 2008
Oração para Marilyn Monroe*
Senhor
recebe a esta garota conhecida em toda a Terra pelo nome de Marilyn Monroe
embora este não fosse o seu verdadeiro nome
(mas Tu conheces o seu verdadeiro nome, o da órfã violada ao nove anos
e da empregadinha de loja que aos dezesseis tinha querido se matar)
e que agora vem à tua presença sem nenhuma maquilagem
sem a sua Agente de Imprensa
sem fotógrafos e sem assinar autógrafos
tão sozinha como um astronauta diante da noite espacial.
Ela sonhou quando menina que estava nua numa igreja
(segundo a versão do Time)
diante duma multidão prostrada com a cabeça ao chão
e tinha de caminhar devagarinho para não pisar nas cabeças.
Tu conheces os nossos sonhos melhor do que um psiquiatra.
Igreja, casa, cova são a segurança do seio materno
e muito mais do que isso ainda...
As cabeças são os admiradores, é claro
(a massa de cabeças na escuridão por debaixo dos focos de luz)
O templo - de mármore e ouro - é o templo de seu corpo
em que está o Filho do Homem com um chicote na mão
expulsando os mercadores da 20th Century-Fox
que fizeram de Tua casa de oração um covil de ladrões.
Senhor
neste mundo contaminado de pecados e radioatividade
Tu não culparás somente a uma empregadinha de loja
Que como toda empregadinha de loja sonhou ser estrela de cinema.
E seu sonho foi realidade (mas como a realidade do tecnicolor).
Ela não fez senão representar segundo o script que lhe demos
- O de nossas próprias vidas - E era um script absurdo.
Perdoa-a Senhor e perdoa-nos pela nossa 20th Century
por esta Colossal Superprodução em que todos trabalhamos.
Ela tinha fome de amor e lhe oferecemos tranqüilizantes,
para a tristeza de não ser santos
foi-lhe recomendada a Psicanálise.
Lembra-te Senhor de seu crescente pavor à câmara
e seu ódio à maquilagem - insistindo em maquilar-se em cada cena -
e como foi se fazendo maior o horror
e maior o incumprimento dos horários.
Como toda empregadinha de loja
sonhou ser estrela de cinema.
E sua vida foi irreal como um sonho que um psiquiatra interpreta e arquiva.
Os seus romances foram um beijo com os olhos fechados
que quando no abrir dos olhos descobre-se que foi dado sob os refletores
e apagam os refletores!
e desmontam as paredes da alcova (era um cenário cinematográfico)
enquanto que o diretor vai embora com seu caderno porque a cena já foi filmada.
O mesmo é com uma viagem em iate, um beijo em Cingapura, um baile no Rio
ou uma recepção no palacete do Duque e da Duquesa de Windsor
vistos na TV de um apartamento pobre.
O filme terminou sem o beijo final.
Foi achada morta em sua cama com a mão no telefone.
E os detetives ficaram sem saber a quem ela ia chamar.
Foi
como alguém que marcou o número da única voz amiga
e ouve somente a voz de uma fita que diz: WRONG NUMBER
Ou como alguém que ferido pelos gângsteres
estende a mão sobre um telefone desligado.
Senhor
quem quer que tenha sido aquele que ela ia chamar
e não chamou (e talvez não fosse ninguém
ou fosse Alguém cujo número não está no Catálogo de Los Angeles)
atende Tu ao telefone!
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Discutindo religião
A religião hoje, mais do que outros temas, parece tomar as proporções de um tabu. Tome-se por exemplo o sexo, admito que é um tema bem mais excitante do que religião, mas, como no passado dividia com ela a mesma tensão, acredito que a comparação seja boa.
Apesar de discutido à exaustão, o sexo continua sendo algo proibido para certos horários, idades e ocasiões. Porém, fora destes horários, idades e ocasiões, ele pode VOLTAR a ser tratado com toda a naturalidade. Trata-se, pois, de um resquício de proibição, mas uma proibição puramente EXTERNA.
Quanto à religião, não é difícil perceber que a situação se inverte. Um fantasma ronda o tema, e isto devido, entre outras coisas, ao pluralismo e onipresença da religião, reforçados pela lei da liberdade de crença que, ao invés de diminuir os preconceitos, nos lança em constante estado de guerra fria. Sua proibição não se expressa em classificações, estilo "programa inadequado para evangélicos", nem em rótulos, tipo "produto destinado a esotéricos". De onde vem a proibição? Ela é puramente INTERNA.
Se, por um lado, a sociedade conseguiu se tornar laica, por outro transformou o sagrado em aberração. A religião hoje está no mesmo plano de uma contracultura, assim como os punks, emos etc. Creio que a razão disso é o fato de a secularização ter atingido apenas o âmbito coletivo, social, cobrindo com uma nuvem de poeira o âmbito individual, onde reside a fagulha da religião. Pois, embora se tenha buscado explicações sociológicas para temas como religião e suicídio, suas razões são de viés estritamente filosófico, no máximo psicológico. E ainda que não fossem, é preciso admitir que, de qualquer forma, embora sejam fenômenos TAMBÉM coletivos, são ANTES individuais.
Acredito que isso explique a popularização do sexo em detrimento da religião. Pois, enquanto a religião (ou a falta dela) é, antes de tudo, uma experiência solitária, o sexo é uma experiência coletiva, não estou falando de sexo grupal, ele é uma EXPERIÊNCIA coletiva e não um ATO, e coletiva na medida em que é movido em quase todos pelas mesmas razões e, com raras exceções de orgasmo múltiplo, tem o mesmo efeito para todos, ao contrário da religião. Esta, sendo essencialmente subjetiva, acaba se integrando à nossa personalidade (dizem que a formamos aos vinte, e aos quarenta não a mudamos mais), razão pela qual, por diplomacia, procura-se evitar o tema da religião que, em última instância, soaria como um insulto à própria PESSOA e não à INSTITUIÇÃO.
Mas, se o fato de a religião integrar-se tão estreitamente à pessoa torna o tema, por um lado, proibido, por outro, torna-o de suma importância. Assim o sexo, por sua vez, tendo sido absorvido pelo caráter objetivista da sociedade, sofre o processo inverso da religião, pois, embora seja também de suma importância, acaba sendo banalizado pela repetição dos discursos.
Ora, se é mesmo verdade que a religião está tão presente quanto o sexo, ou até mais, ao ponto de não ser possível permanecer neutro diante dela sem ser chamado de agnóstico, se é assim, então talvez toda discussão sobre religião acabe caindo numa espécie de pornografia da alma, em que se tenta pôr a nu as mais diversas crises existenciais, vividas nas situações mais solitárias, mais ou menos como um adolescente que se masturba no banheiro, às escondidas. E isso tudo acaba sofrendo a censura do objetivismo social. Eis porque, para além da política e do futebol, acho que a religião é tabu.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Entressono
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Fonte de inspiração:
sábado, 17 de maio de 2008
meme?
Assum Preto (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
Tudo em vorta é só beleza, sol de abril e mata em fror
Mas assum preto, cego dos óio, não vendo a luz, ai
Canta de dor
Mas assum preto, cego dos óio, não vendo a luz, ai
Canta de dor
Tarvez por ignorança, por mardade das pió
Furaro os óio, do assum preto, pra ele assim, ai
Cantá mió
Furaro os óio, do assum preto, pra ele assim, ai
Cantá mió
Assum preto veve sorto, mas não pode avoá
Mil veiz a sina, de uma gaiola, desde que o céu, ai
Pudesse oiá
Mil veiz a sina, de uma gaiola, desde que o céu, ai
Pudesse oiá
Assum preto, o meu cantá, é tão triste como o teu
Também robaro, o meu amô, que era a luz, ai
Dos óios meus
Também robaro, o meu amô, que era a luz, ai
Dos óios meus
sábado, 10 de maio de 2008
Breve Monólogo
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia... Tudo passa... Tudo sempre passará...
"Mas eu acho que a literatura que eu faço não tem a menor pretenção de mudar o mundo, o que eu faço é uma coisa pop, de entretenimento, tem muita gente que diz que quer fazer arte, mas não é nem capaz de fazer um entretenimento básico"
"O meu pecado é gostar do John Grishan, mas admito que gosto, e acho bem melhor que o Paulo Coelho, que é meu amigo, e ele sabe que eu não leio os livros dele, e ficou por isso mesmo, e somos grandes amigos"
quinta-feira, 1 de maio de 2008
terça-feira, 29 de abril de 2008
Humor Negro ou Tragicomédia?
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Alphonsus de Guimaraens
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segunda-feira, 28 de abril de 2008
Fio de navalha
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Três histórias
Na hora de acertar as contas:
- Mas isso não basta?
- Não paga nem metade.
- Puta, e agora? Toma, pega esse óculos: é mormaii.
- Mormaii? Estou vendo. Faz o seguinte: arranca os olhos e deixa em cima da mesa.
corta.
Na fila do caixa do restaurante, o casal de namorados:
- Estou com um sentimento ruim - diz ela.
- Quê? Pressentimento?
- Não, sentimento ruim.
- Ah...
Silêncio.
Ela quebra:
- Estou sem assunto.
- Sem assunto? - ele estranha - Eu também.
Abraçam-se, ele a beija na testa, estende o cartão:
- No débito, por favor.
corta.
Manhã cedo, lendo o jornal, o marido rasga um pedaço do caderno de cultura e anota: aniquilar o eu. Prende com ímã na geladeira, a esposa encontra. De noite, o marido abre a porta cabisbaixo, a mulher lhe estende o papelzinho:
- O que significa isso, Alfredo?