"Quando escrevi 'bilhete'*, do livro 'sol sem pálpebras', por sinal o último poema do livro, algumas pessoas (basicamente as pouquíssimas que leram o livro) acharam que eu estava meio que anunciando um suicídio. Pode ser, é uma possibilidade. Há sempre em nós alguém que anuncia um suicídio".
no blog chaparasborboletas
*bilhete
escrevi um verso
um poema
um livro
.
e daí?
.
se a esquadria do que escrevo
não me segura
o esqueleto de água
.
se vou morrer
se vais morrer
se vai morrer a língua
em que escrevo
se vai morrer o país
que fala minha língua
e todas as linguas de todos
os países que falam
.
por que esta teimosia
de escrever?
.
por que não deixar
o passado fedendo
o futuro mentindo
impunemente
o presente apenas
o que já vai deixando de ser
.
escrevo como quem
vive e não vai viver
.
não como quem
à visitação pública
em terras de amanhã
se enraíza e flora
.
eu escrevo não para ficar,
meu amor,
.
escrevo para ir embora
Rodrigo Madeira
6 comentários:
esse final até doeu...
a entrevista está muito boa
a parte da infância é a mais tocante
giulianoquase.
"eu escrevo não para ficar,
meu amor,
.
escrevo para ir embora"
Que desprendimento, hein!
Chocou.
olá.
meu jovem, você só pode escrever para ficar, escreve bem demais para ir embora.
posso te lincar?
abraço, sorte e luz.
olá, meu velho,
olha, não posso responder pelo madeira,
mas seja bem-vindo.
Sinceramente, nem sei o que dizer.
Absoluto e febril.
Fantástico.
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