segunda-feira, 21 de julho de 2008

De Schopenhauer aos Anônimos

"Rousseau já disse: 'todo homem honesto deve assinar os livros que publica', e proposições afirmativas gerais podem ser invertidas por contraposição. A afirm..." [opa, espera aí, entendeu? Acho que ele está dizendo que todo aquele que assina deve, também, ser honesto, vamos em frente:] "A afirmação vale mais ainda para os escritos polêmicos [...] A liberdade de imprensa que foi finalmente alcançada na Alemanha, para em seguida sofrer o abuso mais indigno, deveria pelo menos ser condicionada por uma proibição de todo e qualquer anonimato e do uso de pseudônimos. [...] Usar o anonimato para atacar pessoas que não escreveram anonimamente é evidentemente desonroso. Um crítico anônimo é um sujeito que não quer assumir o que diz ou o que deixa de dizer ao mundo acerca dos outros e dos seus trabalhos, por isso não assina. [...] Não há mentira que seja tão insolente a ponto de impedir um crítico anônimo de usá-la: de fato, ele não é responsável. [...] Por isso, a cada vez que se faz referência a um crítico anônimo, mesmo que seja de passagem e sem reprovações, deveriam ser empregados epítetos como: 'O canalha covarde e anônimo diz' ou 'O patife anônimo disfarçado diz naquele jornal', entre outros. Esse é, de fato, o tom razoável e apropriado para falar de tais camaradas [...] uma pessoa assim é ipso facto um fora-da-lei. Ele é o Sr. Ninguém, e qualquer um tem a liberdade de explicar que o Mr. Nobody é um patife. Por isso, especialmente nas respostas às críticas, os críticos anônimos devem ser tratados com termos como 'patife' e 'canalha', em vez de recorrer, como fazem por covardia alguns autores contaminados pela corja, a tratamentos como 'o prezado Senhor Crítico'. [...] E quando alguém conseguir o mérito de arrancar o capuz de um destes camaradas, depois de ele ter sido posto na berlinda, e arrastá-lo pelas orelhas na frente de todos, tal criatura notívaga despertará grande júbilo à luz do dia. [...] Uma impertinência especialmente ridícula da parte de tais críticos anônimos é o fato de eles, como os reis, falarem usando o 'nós', quando deveriam usar não só o singular, mas até o diminutivo..." [...]
(SCHOPENHAUER, A. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2006)

- Garçon, um Schop! Estúpido!

2 comentários:

O Antagonista disse...

Pois é... tem que dar a cara pra bater... ficar só metendo o pau escondido pelo anonimato é muito fácil... e desprezível!

!Valeu!

Anônimo disse...

Palmas para o nosso querido Schopenhauer! =)

Otávio, a sua "resposta" aos anônimos ridículos foi brilhante!

Este texto do Schopenhauer me fez lembrar do Hume... Hume quando escrevia os seus textos e quando publicava os mesmos... percebia que de início não fazia muito "sucesso" e ele inventada alguns "críticos", ou seja.. ele mesmo comentava os seus próprios textos e ainda invetava pseudônimos... rs aiai