quinta-feira, 24 de julho de 2008
O silêncio dos intelectuais
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Entrelinhas
Antigamente eu achava que ficava em silêncio por timidez.
Hoje eu sei que é apenas por não ter o que dizer.
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Antigamente eu achava que sofria de insônia.
Hoje eu sei que é apenas medo
de dormir e não acordar.
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Antigamente eu achava que tinha dores musculares.
Hoje eu sei que é meu próprio anjo da guarda
que me atinge com um taco de beisebol.
PS: Insônia mata? então talvez eu morra logo, mas já troquei meu travesseiro por um que preenche o espaço do ombro até a cabeça, então talvez eu não morra. Acontece que esta noite eu tive uns três pequenos sonos isolados, dormia uma meia-hora e ficava com os olhos abertos no escuro mais umas três horas, de um lado pro outro, os pés pra fora por causa do calor, sem falar que eu estava muito, muito cansado, então de manhãzinha começou a chover e eu dormi algumas horas seguidas, quando acordei parecia que tinha saído de uma maratona ou de uma luta (e o pior é que eu perdi, eu perco todas). E assim de post scriptum em post scriptum eu vou fazendo meu diário, porque no fundo eu sou piegas mesmo, mas acho que com este travesseiro e menos café tudo se ajeita.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Aula de Matemática
A aluna reclama do professor de matemática:
- Eu não consigo prestar atenção nas aulas de matemática, o professor tem uma cicatriz aqui no pescoço, aí quando ele vai sem gola alta parece que aquilo tá vivo. Dá até um troço.
(Otávio, no ônibus)
De Schopenhauer aos Anônimos
"Rousseau já disse: 'todo homem honesto deve assinar os livros que publica', e proposições afirmativas gerais podem ser invertidas por contraposição. A afirm..." [opa, espera aí, entendeu? Acho que ele está dizendo que todo aquele que assina deve, também, ser honesto, vamos em frente:] "A afirmação vale mais ainda para os escritos polêmicos [...] A liberdade de imprensa que foi finalmente alcançada na Alemanha, para em seguida sofrer o abuso mais indigno, deveria pelo menos ser condicionada por uma proibição de todo e qualquer anonimato e do uso de pseudônimos. [...] Usar o anonimato para atacar pessoas que não escreveram anonimamente é evidentemente desonroso. Um crítico anônimo é um sujeito que não quer assumir o que diz ou o que deixa de dizer ao mundo acerca dos outros e dos seus trabalhos, por isso não assina. [...] Não há mentira que seja tão insolente a ponto de impedir um crítico anônimo de usá-la: de fato, ele não é responsável. [...] Por isso, a cada vez que se faz referência a um crítico anônimo, mesmo que seja de passagem e sem reprovações, deveriam ser empregados epítetos como: 'O canalha covarde e anônimo diz' ou 'O patife anônimo disfarçado diz naquele jornal', entre outros. Esse é, de fato, o tom razoável e apropriado para falar de tais camaradas [...] uma pessoa assim é ipso facto um fora-da-lei. Ele é o Sr. Ninguém, e qualquer um tem a liberdade de explicar que o Mr. Nobody é um patife. Por isso, especialmente nas respostas às críticas, os críticos anônimos devem ser tratados com termos como 'patife' e 'canalha', em vez de recorrer, como fazem por covardia alguns autores contaminados pela corja, a tratamentos como 'o prezado Senhor Crítico'. [...] E quando alguém conseguir o mérito de arrancar o capuz de um destes camaradas, depois de ele ter sido posto na berlinda, e arrastá-lo pelas orelhas na frente de todos, tal criatura notívaga despertará grande júbilo à luz do dia. [...] Uma impertinência especialmente ridícula da parte de tais críticos anônimos é o fato de eles, como os reis, falarem usando o 'nós', quando deveriam usar não só o singular, mas até o diminutivo..." [...]
(SCHOPENHAUER, A. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2006)
- Garçon, um Schop! Estúpido!
domingo, 20 de julho de 2008
Descartes
"...nada sou, pois, falando precisamente, senão uma coisa que pensa, isto é, um espírito, um entendimento ou uma razão (...) Eu não sou essa reunião de membros que se chama o corpo humano, não sou um ar tênue e penetrante, disseminado por todos esses membros; não sou um vento, um sopro, um vapor, nem algo que posso fingir e imaginar, posto que supus que tudo isso não era nada..." (Descartes, Meditações)
Gassendi fez a seguinte objeção:
"Dizei-me, eu vos peço, ó alma, ou o que quer que sejais, corrigistes até aqui este pensamento pelo qual vos imaginais ser algo semelhante ao vento ou a qualquer outro corpo desta natureza, espalhado em todas as partes de vosso corpo? Certamente não..."
Descartes respondeu o seguinte:
"Começais por uma figura de retórica bastante agradável que se chama prosopopéia, a me interrogar, não mais como um homem inteiro, mas como uma alma separada do corpo; (...) Dizei-me, portanto, suplico-vos, ó carne, ou quem quer que sejais, e qualquer que seja o nome pelo qual desejais ser chamado, tendes tão pouco comércio com o espírito que não pudestes notar a passagem em que corrigi esta imaginação do vulgo pela qual fingimos que a coisa que pensa é semelhante ao vento ou a algum outro corpo desta espécie?"
E mais adiante...
"o que aqui alegais, ó boníssima carne, não me parece tanto objeções quanto algumas murmurações que não têm necessidade de réplica"
E ainda...
"E não vejo, ó carne, sobre qual argumento vos fundais para assegurar com tanta certeza que um cão discerne e julga da mesma maneira do que nós, a não ser que, vendo que é também composto de carne, vós vos persuadais de que as mesmas coisas que se acham em vós encontram-se também nele"
sábado, 19 de julho de 2008
Poema engajado nº3
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Vamos comer Caetano
e dos orgasmos múltiplos
quarta-feira, 16 de julho de 2008
quarta-feira, 9 de julho de 2008
quinta-feira, 10 de julho de 2008, 1:30 da manhã
Excursion into philosophy, E. Hopper |
terça-feira, 8 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
quarta-feira, 2 de julho de 2008
QUADERNA
Quatro pontos cardeais
Quatro estações do ano
Quatro cantos num cubo
Quatro laterais de um campo
Quatro trevos que descubro
Quatro lados da moldura
Quatro elementos na natura
Quatro pontas de uma estrela
Quatro balas de alcaçuz
Quatro pontas num compasso
Quatro horas da manhã
Quatro rodas num carro
Quatro sementes de romã
Quatro sinais da cruz
Quatro mundos por segundo
Quatro quartos numa casa
Quatro pernas de uma mesa
Quatro pessoas numa mesma
Quatro pássaros sem asas
Quatro brilhos nesta espuma
Mas só uma vida, só uma.