Só há uma janela acesa em todo prédio e do varal pende uma camiseta com a estampa “eu me amo”. Dentro do apartamento, às duas da manhã, ela não consegue dormir, seu corpo se agita sobre a cama, os carros fazem algum barulho lá fora. Entediada, como não houvesse mais o que pensar, quase instintivamente, coloca a mão dentro da calcinha e começa a massagear o clitóris. Ao primeiro sinal de excitação, afasta a calcinha até os joelhos, se põe numa posição de parto. Os pés espalmados no lençol, os olhos apertados. Com a coberta levantada, sente um vento passar pelas coxas. Seu corpo quente se arrepia e, num espasmo, a calcinha escapa dos joelhos e escorrega até as canelas. Seu pescoço se distende para trás, comprimindo o travesseiro com a cabeça. Ela goza, sente-se em paz, lembra do filme que assistira de tarde, pensa no trabalho do dia seguinte, e dorme: nua e egoísta.
3 comentários:
boa! o problema dessa narrativa mais detalhada na calma é encontrar o ritmo e as palavras certeiras.
gostei do final. ele diz tudo, é quase um hai-kai. sacanagem, né?
é que esse texto é antigo
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