terça-feira, 27 de março de 2012

O poema que não fiz

Estou debaixo do Cristo
E estou tão triste
Queria que isto fosse um dístico
Mas o poema insiste
Uma quadra? Tampouco
Cinco versos ainda é pouco
Já estou no sétimo e nada disse
No oitavo, algo em mim desiste
Estou debaixo do Cristo
E estou tão triste

20/05/2011, na Lagoa Rodrigo de Freitas

3 comentários:

rodrigo madeira disse...

ótimo, otávio!

me lembrei do poema do gullar...


Na Lagoa

A cidade
debruçada sobre
seus afazeres surda
de rock
não sabe ainda
que a garça
voltou.

Faz pouco, longe
daqui entre aves
lacustres a notícia
correu: a lagoa
rodrigo de freitas
está assim de tainhas!
– oba, vamos lá
dar o ar
de nossa graça,
disse a garça

e veio:

desceu
do céu azul
sobre uma pedra
do aterro
a branca filha das lagoas

e está lá agora
real e implausível
como o poema
que o gullar não consegue escrever.


abç.

Anônimo disse...

gostei bastante também!

rp

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

Tem dias que a gente escreve, escreve e nada parece fazer sentido! Já passei por isso!


Bom passar por aqui!