sábado, 29 de setembro de 2007

Dejavu

"A vida dói(...)
como um galo no Ártico"


Sim, estamos sozinhos
Apesar de ter amigos
Estamos sós
Como quem acaba de nascer
Como o cantor de jazz
Como o planeta Terra
Tão sós
Quanto aqueles que encontraram Deus
Como quem dá o lugar no ônibus
Como o pastor triste que prega
Como os carros que buzinam
E a estátua viva que se retira
Sozinhos
Como a luz do poste se acende
E o funcionário sério boceja
Como o eletricista de uniforme
E os namorados que se abraçam
Sim, sozinhos
Como o cão comido de sarna
Como um crucifixo na biblioteca
Como o homem que conta piadas
Como quem prepara uma surpresa
***
Ah! tão sozinhos somos
Como uma tv que ficou sem som
Como o padre na sacristia
Como a secretária que sorri
E que fica mais bela se triste
Como uma cadeira de palha
E o homem de paletó que olha as horas
Sós, como quem gabarita uma prova
Como mulheres dentro das lojas
Como os que encontraram Jesus
E foram salvos do fogo do Inferno
Como a informante da telemensagem
Como o entregador de pizza
E a mãe cujos filhos todos cresceram
Sozinhos como quem faz aniversário
Como quem faz um gol
Como folga em dia útil
Como quem faz um poema


Otávio

Um comentário:

Giuliano Gimenez disse...

Ritmo drummoniano?

Porra, aquela epígrafe é do caralho!