sábado, 3 de março de 2007

Baba de estudante


A saliva dançava nos cantos de sua boca. Era o dia de apresentar o seminário, quase não estava ansioso desta vez, já apresentara muitos seminários e adquirira desenvoltura com a coisa. Quis, para parecer mais organizado desta vez, levar o texto escrito. Era só ler e pronto. Preocupava-lhe só aquele detalhe, sempre tem que ter alguma coisa, se não houvesse nada iria preocupar-lhe o fato de não estar preocupado. Era como um mar em ressaca na sua boca, ainda masi por conta de uns tratamentos odontológicos que fizera nas vésperas, além de uma bala freegels que chupara havia instantes.
Concentrou-se no texto e falou como se fosse um professor, sugando a saliva nas vírgulas, enriquecendo assim o seu seminário com aquele barulho que isolado poderia indicar um arrepio. Dos alunos, sobretudo os distraídos, vinha uma ameaça de riso, pois atentavam aos seus gestos e trejeitos e não ao conteúdo que era transmitido.
Os músculos ligados á fala já cansavam naquele penoso trabalho. Ele, empolgado com o que tinha escrito, superava isso, não era nada, ninguém devia estar notando além dele.
- A substância de Aristóteles... - ia dizendo, mas uma gota viscosa caiu displicente no papel, pensou logo em fazer uma piada mas ficou sem reação. Como? Como aquela baba escorreu sem passar pelo consentimento de seu cérebro?

Um comentário:

vrmart disse...

em primeiro lugar sr pseudotavio, seu cãozinho cerberal não me mete medo.

em segundo lugar (não sei contar direito, mas me parece ser segundo depois do primeiro...) eu já engasguei num seminário sobre aristóteles e disse hmmm, hmm... 53 vezes e meia até lembrar o final da frase final.

e em quarto lugar, quem sois tu, ó perdigueiro dos infernos, pra botar suas patas metafísicas no daseinmann??!!

cordialmente

vldnl