tag:blogger.com,1999:blog-85405789377163883742024-03-19T05:35:58.384-07:00bilhete engordurado sobre a mesa— A minha história? — exclamei, assustado. — A minha história? Mas quem lhe disse que eu tinha uma história? Eu não tenho história... (trecho de "Noites Brancas" de Dostoievski)Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.comBlogger312125tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-4519296376832843822023-04-29T09:39:00.002-07:002023-04-29T11:18:45.009-07:00Três crônicas na fronteira<p> Na aduana argentina, entrego o RG à funcionária.</p><p>- Tinha cabelo curto? - ela pergunta.</p><p>- Tinha - confirmo.</p><p>Ela sorri, e me entrega o documento.</p><p>"A cara de trouxa continua a mesma", deve ter pensado.</p><p><br /></p><p>-</p><p><br /></p><p>Na churrascaria, a mulher pergunta:</p><p>- Tem picanha?</p><p>O churrasqueiro saca o espeto como uma espada e o coloca no balcão.</p><p>- Tem mal passada? - a mulher protesta.</p><p>- O que tem é essa aqui - diz o churrasqueiro.</p><p>Silêncio.</p><p>Ela o olha bem no olho, séria, e pergunta:</p><p>- Você tem coração?</p><p><br /></p><p>-</p><p><br /></p><p>Ainda na churrascaria, no espaço kids, as crianças gritam entre soprano e tenor, sem musicalidade, e dão coices na piscina de bolinha, numa brincadeira incompreensível aos adultos. Até que um exagera no seu grito tenor, e o pai contemporiza:</p><p>- Não grita! Olha, tem sorvete lá...</p><p>As cinco ou seis crianças saem correndo em direção ao freezer, fazendo tremer o piso de madeira do local.</p><p>- Oba, sorvete! - diz o mais novo.</p><p>- Tem que ver se tem de milho - completa o mais velho (e mais sábio).</p><p><br /></p><p style="text-align: right;">Otávio, Foz do Iguaçu, 2023.</p>Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-562349466927376352020-03-21T09:27:00.002-07:002023-04-29T11:19:02.838-07:00A aranha na parede<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: AR-SA;">É sábado. Ainda na cama, abro o olho e vejo uma
terrível aranha na parede. Não: não foi aranha, nem foi na parede, mas foi o
suficiente para tirar o meu sono. Já diria o poeta: o amor é isso, hoje beija,
amanhã não beija. Esse sábado não beijou, preferiu apartar-se mais uma vez. Em
seu lugar, surge sempre essa paisagem absurda: tudo que sempre esteve ali,
porém “solto” como numa exposição. A roupa no cabide obedece apenas ao capricho
de um curador, que em sua mente embriagada de arte quer mostrar ao público que
nada faz sentido. Porque o primeiro impulso do público é vestir a roupa e ir
pro trabalho. Mas... é sábado. No tanque há duas ou três folhas secas. Voaram
até ali. A água da máquina irá envolvê-las numa dança plena de sentido. O único
sentido que sobrou neste sábado: a complexidade da causa e do efeito. Passeio
pela exposição em que acordei, como por engano. A garrafa de vinho vazia é uma
peça interessante. Foi deixada sobre a mesa. Afastando-a, quase leio uma
explicação no guardanapo em branco: esta garrafa simboliza a embriaguez
desmedida de uma pessoa absurda; a uva, não por acaso, é tempranillo, que
segundo os especialistas, “não envelhece bem” – a acidez é baixa, tem a
elegância dos vinhos jovens. Também quem o bebeu não envelhece bem. Pois o
tempo passou e não aprendeu a forjar um sentido, a ver a roupa fora do cabide,
acompanhando o movimento do corpo, torcendo-se com as articulações. Mais do que
forjá-lo, esforçou-se por relativiza-lo, com sucesso. É só isso: às vezes a
engrenagem para, não se sabe bem por que, mas de todo modo ela volta a girar.
Deixarei que isso aconteça amanhã. Só os suicidas têm real sede de sentido, e
dela morrem. Nós, os não suicidas, convivemos bem com o absurdo. Pelo mesmo
motivo que ainda não retirei as folhas secas do tanque, deixarei que os afagos
do amor se afastem, e que em seu lugar venha a tempestade de areia. Basta
fechar bem os olhos e a boca e aguardar um instante. Se olhar pela janela, ou
melhor, pelo celular, vou ver a vida acontecendo. Posso ver todo este movimento
como uma dança louca, um teatro incompreensível, mas me lembro que faço parte
disto tudo. Não optei pelo suicídio porque o mundo não se tornou totalmente
estranho, nem acho que se tornará. Eu danço a mesma dança que eles. Às vezes eu
paro, mas ninguém percebe. Depois de amanhã é segunda, e a aranha não estará
mais na parede, estará grudada na sola de algum chinelo; sentirei sono, mas
levantarei cedo, vestirei a roupa e, abrindo a janela, ouvirei a música do
mundo. Será hora de voltar a dançar.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: AR-SA;"></span>Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-20119988156964861932020-01-19T10:56:00.001-08:002020-01-19T10:56:45.797-08:00*Todas as coisas cujos valores podem ser<br />
disputados no cuspe à distância<br />
servem para a poesia<br />
(...)<br />
Tudo aquilo que a nossa<br />
civilização rejeita, pisa e mija em cima,<br />
serve para poesia<br />
(...)<br />
As coisas jogadas fora<br />
têm grande importância<br />
- como um homem jogado fora<br />
Aliás, é também objeto de poesia saber<br />
qual o período médio que um homem jogado fora<br />
pode permanecer na Terra<br />
sem nascerem em sua boca<br />
as raízes da escória<br />
(...)<br />
<div style="text-align: right;">
*de Manoel de Barros, Matéria de Poesia</div>
Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-60495076148067632222019-09-21T13:20:00.001-07:002019-09-21T13:20:50.436-07:00CitaçãoMesmo quem não lamenta o desaparecimento das ilusões religiosas no mundo cultural de hoje admitirá que, enquanto ainda estavam em vigor, ofereciam aos indivíduos ligados por meio delas a mais enérgica proteção contra o perigo da neurose. Também não é difícil reconhecer em todas as ligações com seitas e comunidades místico-religiosas ou filosófico-místicas a expressão de curas tortas de variadas neuroses. (...) Abandonado a si mesmo, o neurótico é forçado a substituir as grandes formações de massa, das quais está excluído, pelas suas formações de sintoma. Ele cria seu próprio mundo imaginário, sua religião, seu sistema delirante, e repete assim as instituições da humanidade... (FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu)Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-25991528204758448302019-06-08T15:54:00.002-07:002023-04-29T11:19:22.189-07:00Resposta a Álvaro de Campos<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
Fernando
Pessoa, com seu heterônimo mais depressivo, dizia que, passadas algumas semanas
do teu suicídio, ninguém se lembrará de ti. Ele estava errado. Pois não raro me
recordo do meu grande amigo <a href="https://pseudotavio.blogspot.com/2008/04/quem-esse-mencken.html">Felipe</a>, muito embora a vida imponha a todos nós o
imperativo do esquecimento de tantas coisas, em favor de nossa sanidade mental.
Mesmo agora, você me faz questionar, como tantas vezes me fez discordando de
mim. Me questiono, por exemplo, como a tua generosidade pôde, como um carro
desgovernado que bate na barreira de pneus, acabar em um ato tão egoísta. Me
questiono também como, em um mundo com a sertralina, a fluoxetina, a paroxetina
e tantos outros inibidores seletivos da recaptação da serotonina (com perdão da
cacofonia, que sei que te incomodava), você foi parar nas estatísticas que
tanto se escondem e mitigam; lembrando que este é o mesmo mundo da psicanálise
que, segundo você, surgiu quando Freud leu a vontade de poder do Nietzsche com
“ph”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
A nossa
conversa sobre suicídio, ou sobre eutanásia, como preferíamos chamar, nunca
acabou... sempre restava alguma ponta filosófica solta neste novelo. Que falta
você faz em um mundo tão simplista e reducionista! Seu repúdio à esquerda
sempre foi um repúdio ao reducionismo. Seu repúdio aos Beatles e aos Rolling
Stones era um repúdio ao óbvio e aos cânones da modernidade líquida, nisto você
fazia coro com Adorno. Seu gosto por Shakespeare era um encanto tanto pela
tragédia como pela comédia, não por acaso eras um fã do pequeno Shakespeare, o
Chespirito. Isto é verdade por duas lembranças que guardo com carinho de ti.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
O gosto pela
tragédia e pela comédia, igualmente eficazes no seu efeito catártico, se
reflete no que escreveste certa vez, a saber, que se pudesses ser um animal,
serias um urso bipolar. A outra lembrança diz respeito à sua leitura metafísica
de Chaves, quando ostentavas em teu MSN a frase “Esperem só até eu ganhar a
minha bola quadrada!”. Aparentemente, você foi tão generoso que me deixou de
presente a bola quadrada dos meus questionamentos, pois até mesmo o Kiko tinha
momentos de generosidade. Se não me engano foi você quem me disse uma vez: no
Chaves todo mundo é fudido! Não tem ninguém perfeito. É verdade. Mas eu posso
alimentar nossa conversa interrompida, sobre o suicídio, com a ideia de que os
suicidas têm certo apego à perfeição. Creio que foi assim com Van Gogh e Santos
Dumont. Eu me pergunto, entre outras coisas, que orelha você tanto queria
pintar. Aliás, é uma pena não poder te emprestar o livro “Meu amigo pintor” da
Lígia Bojunga, tenho certeza que te tocaria mais do que aquele poema do
Maiakovski que você, sempre autêntico, disse não ter “entendido a pira”. Você
não gostava muito de MPB, mas tenho certeza que você entendeu melhor do que
ninguém o que significa “amar daquela vez como se fosse a última”. No fim todos
morreremos na contramão, atrapalhando o tráfego. O tráfego, fluvial, da
modernidade líquida, e quem se atrever a atravessá-lo será atropelado por
barcos cheios de memes.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
Uma das
lembranças que guardo com mais carinho de ti é a tarde em que marcamos de ir no
Paiol literário, perto da PUC, onde estudaste. No entanto, paramos para tomar
uma cerveja num bar e, a certa altura, desistimos de ver o entrevistado da
noite. Durante aquela cerveja, que não foi só uma, falamos de existencialismo
cristão e de niilismo (pode ser que o Kierkegaard tenha entrado na história,
mesmo que nenhum de nós dois o tenha lido à época), de repente você mencionou
Francisco de Assis como um admirável religioso niilista, com seu niilismo
mitigado. E ainda fascinados por esta inversão de expectativa, eu mencionei
Jesus como um niilista “enrustido” e, embora eu estivesse apenas reverberando
uma tese nietzschiana, este foi o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">start</i>
de uma risada que parecia que nunca mais ia acabar. Rimos tanto quanto as
pessoas daquela crônica do Veríssimo que você gostava. Ou era do Rubem Braga?? Sim,
era do Rubem Braga. Veríssimo era midiático demais para você (o Luís, mas não o
Érico!), e não te permitias te identificar com ele apenas por causa da timidez,
como talvez eu tenha feito.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
Pasme, mas eu
muitas vezes citei você para impressionar garotas, por exemplo com tua
interpretação de “Hallowed be thy name” <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vis
a vis</i> O muro e O estrangeiro, respectivamente de Sartre e Camus, música da
donzela de aço pela qual eras apaixonado, numa promiscuidade na qual te
permitias te apaixonar por tantas outras coisas. A última vez que me lembrei
inadvertidamente de ti foi quando eu conversava com uma menina no Tinder, e ela
disse que gostava de humanas, e eu disse “eu também, não tenho sorte com as
outras fêmeas”. Eu perdi a menina, mas não perdi a piada. Saiba que terás em
mim um continuador das piadas do tio do pavê, sem que se caia na
irresponsabilidade e superficialidade do atual presidente da república, por
exemplo. Sei que você repudiava a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">far
right</i> tanto quanto a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">far left</i>.
Você que chegava a negar o cunho de protesto de algumas canções dos anos
setenta, em favor de interpretações atemporais, que eram igualmente válidas, e
que faziam parte da estratégia de drible à censura. A intensidade com que
concordávamos era, pendularmente, alimentada pela intensidade com que
discordávamos, talvez porque tínhamos em comum esta paixão pela linguagem e
suas manifestações ao longo da história. Nem eu nem você acreditávamos em vida
após a morte, mas nas últimas conversas eu me lembro do desprezo que você
nutria pelo ateísmo, novamente aqui estava o seu repúdio a toda forma de
reducionismo. Pois é, meu caro, como não acreditar em vida após a morte se eu
mesmo tantas vezes morri, na depressão, e de certa forma sobrevivi, e você, cuja
presença física me foi tão cruelmente negada, ainda está tão vivo em minha
memória?</div>
<br />Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-55286162673897297812019-01-04T16:52:00.000-08:002019-01-04T16:52:07.497-08:00Leonard Cohen - Hey, That's No Way To Say Goodbye * lyrics<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/wI48PS3m59A" width="420"></iframe>Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-34425862084817157642018-05-05T17:53:00.003-07:002023-04-29T11:19:34.323-07:00Um velho ateuhttps://youtu.be/lqC9EF2UddA<br />
MlOtáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-89003360770795232002018-02-13T06:48:00.001-08:002018-02-13T07:06:31.644-08:00Paraíso do Tuiuti 2018 | Clipe oficial #NãoSouEscravoDeNenhumSenhor<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/tVW1r74uLTY" width="420"></iframe>
Irmão de olho claro ou da Guiné<br />Qual será o seu valor? Pobre artigo de mercado<br />Senhor, eu não tenho a sua fé e nem tenho a sua cor<br />Tenho sangue avermelhado<br />O mesmo que escorre da ferida<br />Mostra que a vida se lamenta por nós dois<br />Mas falta em seu peito um coração<br />Ao me dar a escravidão e um prato de feijão com arroz<br /><br />Eu fui mandiga, cambinda, haussá<br />Fui um Rei Egbá preso na corrente<br />Sofri nos braços de um capataz<br />Morri nos canaviais onde se plantava gente<br /><br />Ê Calunga, ê! Ê Calunga!<br />Preto velho me contou, preto velho me contou<br />Onde mora a senhora liberdade<br />Não tem ferro nem feitor<br /><br />Amparo do Rosário ao negro benedito<br />Um grito feito pele do tambor<br />Deu no noticiário, com lágrimas escrito<br />Um rito, uma luta, um homem de cor<br /><br />E assim quando a lei foi assinada<br />Uma lua atordoada assistiu fogos no céu<br />Áurea feito o ouro da bandeira<br />Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel<br /><br />Meu Deus! Meu Deus!<br />Seu eu chorar não leve a mal<br />Pela luz do candeeiro<br />Liberte o cativeiro social<br /><br />Não sou escravo de nenhum senhor<br />Meu Paraíso é meu bastião<br />Meu Tuiuti o quilombo da favela<br />É sentinela da libertaçãoOtáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-63012863915291380372018-02-12T06:07:00.002-08:002019-09-21T13:03:30.874-07:00Informação ao crucificado...percebo a vida religiosa em aspectos teatrais, rotineiros. Sinto-a naufragada sem remissão num rito estéril que, tirante a beleza, nada mais lembra que a nossa vã condição de homem. A alma, então, parece-me feita de carne. E gemo, pedindo um pouco mais de eternidade.
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDXnvENZznfvKJX_OjE5UBoBB849E2Ywx01io5n9C8yxfNJXTewenmjeE82XVDuMgsMD4EOXoH6QpMlgLngcyZHQuEzxgkRMGPrM4E8jMdqQJqizZHssf3XKVxrOYg9DIsAMnf2HS2kBg/s1600/Informa%25C3%25A7%25C3%25A3o+ao+crucificado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="292" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDXnvENZznfvKJX_OjE5UBoBB849E2Ywx01io5n9C8yxfNJXTewenmjeE82XVDuMgsMD4EOXoH6QpMlgLngcyZHQuEzxgkRMGPrM4E8jMdqQJqizZHssf3XKVxrOYg9DIsAMnf2HS2kBg/s400/Informa%25C3%25A7%25C3%25A3o+ao+crucificado.jpg" width="292" /></a></div>
...Pe. Jorge, professor de literaturas antigas, pediu-me o discurso. Ouvira mal a leitura, do canto onde estava perdera palavras, queria fazer juízo mais detido. Entreguei-lhe o papelório. Pe. Jorge mudou de óculos, franziu a testa, enfiou-se na leitura das doze páginas datilografadas. A testa ficou enrugada até o final. Por dois ou três momentos esboçou um sorriso. Acabou a última folha, olhou no verso para ver se tinha mais, trocou novamente os óculos. E com uma porção de sentidos:<br />
- É. Você anda lendo demais. Papini, Karl Adam, Daniel Rops, Carrel e outros. É preciso agora pensar um pouco sobre tudo o que já leu. Não seja tão apressado. O mundo não está à espera de sua opinião. Guarde-a consigo mesmo até se sentir original. E quando se sentir original, seja então mais original, guarde mais ainda o que sabe.<br />
Eduardo fazia ar de triunfo. Eu fiz ar cristão:<br />
- Muito obrigado!<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
(Cony, trechos)</div>
Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-21347488475860138212017-11-15T16:13:00.001-08:002017-11-15T16:17:31.701-08:00Tiê - Se Enamora<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/NZTsyot4bb8" width="420"></iframe>Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-38522871243423345622017-08-24T18:38:00.000-07:002017-08-24T18:38:52.672-07:00Como assim, escola sem ideologia?por Marcelo Rubens Paiva<br />
<br />
O professor de história tem que ser de esquerda. E barbudo.
Tem que contestar os regimes, o sistema, sugerir o novo, o diferente.
Tem que expor injustiças sociais, procurar a indignação dos seus alunos,
extrair a bondade humana, o altruísmo.
<br />
Como abordar o absolutismo, a escravidão, o
colonialismo, a Revolução Industrial, os levantes operários do começo do
século passado, Hitler e Mussolini, as grandes guerras, a guerra fria, o
liberalismo econômico, sem uma visão de esquerda?<br />
A minha do colegial era a Zilda, inesquecível, que dava
textos de Marx Webber, do mundo segmentado do trabalho. Ela era
sarcástica com a disparidade econômica e a concentração de renda do
Brasil. Das quais nossas famílias, da elite paulistana, eram produtoras.
<br />
Em seguida,
veio o professor Beno (Benauro). Foi preso e torturado pelo DOI-Codi, na
leva de repressão ao PCB de 1975, que matou Herzog e Manoel Fiel Filho.
Benauro era do Partidão, como nosso professor Faro (José Salvador),
também preso no colégio. Eu tinha 16 anos quando os vimos pelas janelas
da escola, escoltados por agentes.<br />
Outro professor, Luiz Roncari, de português, também fora
preso. Não sei se era do PCB. Tinha um tique nos olhos. O chamávamos de
Luiz Pisca-Pisca. Diziam que era sequela da tortura. Acho que era apenas
um tique nervoso. Dava aulas sentado em cima da mesa. Um ato
revolucionário.
<br />
Era muito bom ter professores ativistas e revolucionários me educando. Era libertador.
<br />
Não tem como fugir. O professor legal é o de esquerda,
como o de biologia precisa ser divertido, darwinista e doidão, para
manter sua turma ligada e ajudar a traçar um organograma genético da
nossa família. A base do seu pensamento tem de ser a teoria da evolução.
Ou vai dizer que Adão e Eva nos fizeram?
<br />
O de química precisa encontrar referências nos elementos
que temos em casa, provar que nossa cozinha é a extensão do seu
laboratório, sugerir fazer dos temperos, experiências.
<br />
O professor de física precisa explicar Newton e
Einstein, o chuveiro elétrico e a teoria da relatividade e
gravitacional, calcular nossas viagens de carro, trem e foguete, mostrar
a insignificância humana diante do colossal universo, mostrar imagens
do Hubble, buracos negros, supernovas, a relação energia e massa, o
tempo curvo.
<br />
Nosso professor de física tem que ser fã de Jornada nas
Estrelas. Precisa indicar como autores obrigatório Arthur Clarke, Philip
Dick, George Orwell. E dar os primeiros axiomas da mecânica quântica.
<br />
O professor de filosofia precisa ensinar Platão,
Sócrates e Aristóteles, ao estilo socrático, caminhando até o pátio,
instalando-se debaixo de uma árvore, sem deixar de passar pela poesia de
Heráclito, a teoria de tudo de Parmênides, a dialética de Zenão. Pula
para Hegel e Kant, atravessa o niilismo de Nietzsche e chega na vida sem
sentido dos existencialistas. Deixa Marx e Engels para o professor de
história barbudo, de sandália, desleixado e apaixonante.
<br />
O professor de português precisa ser um poeta delirante,
louco, que declama em grego e latim, Rimbaud e Joyce, Shakespeare e
Cummings, que procura transmitir a emoção das palavras, o jogo do
inconsciente com a leitura, a busca pela razão de ser, os conflitos
humanos, que fala de alegria e dor, de morte e prazer, de beleza e
sombra, de invenção fingimento.
<br />
O de geografia precisa falar de rios, penínsulas, lagos,
mares, oceanos, polos, degelo, picos, trópicos, aquecimento, Equador,
florestas, chuvas, tornados, furacões, terremotos, vulcões, ilhas,
continentes, mas também de terras indígenas, garimpo ilegal, posseiros,
imigração, geopolítica, fronteiras desenhadas pelos colonialistas,
diferenças entre xiitas e sunitas, mostrar rotas de transação de
mercadorias e comerciais, guerra pelo ouro, pelo diamante, pelo
petróleo, seca, fome, campos férteis, civilização.
<br />
A missão deles é criar reflexões, comparações, provar
contradições. Provocar. Espalhar as cartas de diferentes naipes
ideológicos. Buscar pontos de vista.
<br />
O paradoxo do movimento Escola Sem Partido está na
justificativa e seu programa: “Diante dessa realidade – conhecida por
experiência direta de todos os que passaram pelo sistema de ensino nos
últimos 20 ou 30 anos –, entendemos que é necessário e urgente adotar
medidas eficazes para prevenir a prática da doutrinação política e
ideológica nas escolas, e a usurpação do direito dos pais a que seus
filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias
convicções”.
<br />
Mas como nasceriam as convicções dos pais que se
criariam num mundo de escolas sem ideologia? E que doutrina defenderiam
gerações futuras?
<br />
A escola não cria o filho, dá instrumentos. O papel dela
é mostrar os pensamentos discordantes que existem entre nós. O
argumento de escola sem ideologia é uma anomalia de Estado Nação.
<br />
Uma escola precisa acompanhar os avanços teóricos
mundiais, o futuro, melhorar, o que deve ser reformulado. Um professor
conservador proporia manter as coisas como estão. Não sairíamos nunca,
então, das cavernas.<br />
<br />
<span><a href="http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,como-assim-escola-sem-ideologia,10000063143">O Estado de S. Paulo</a>
</span>
<br />
16 Julho 2016 <br />
<br />
<br />
Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-59522005126857219132017-07-20T11:30:00.001-07:002017-07-20T11:30:06.222-07:00Julieta Venegas em Curitiba<iframe height="250" src="https://drive.google.com/file/d/0B7SEFA0bnr2qZFFRcWVreW9PU1U/preview" width="370"></iframe><br />
(Buenas Noches, Desolación - Teatro Positivo - 19/07/2017)Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-13544712298136659912017-07-20T11:17:00.000-07:002017-07-20T11:38:58.458-07:00Julieta Venegas - Buenas Noches, Desolación<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/d_Euxg7wP74" width="420"></iframe>
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Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-89486110938448054092017-05-04T09:26:00.000-07:002017-05-04T09:26:21.552-07:00Saudades<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/tAmQgI_Mun4" width="420"></iframe>
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</xml><![endif]--><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Não,
impeachment não é golpe, está previsto na Constituição. Não é preciso ser
ministro do supremo para saber disso. Acontece que não se recebe a resposta
certa fazendo a pergunta errada. A pergunta que se deve fazer, em nome de um mínimo
de honestidade intelectual, é se impeachment sem crime de responsabilidade é
golpe. Neste ponto, a resposta é sim. Tanto a direita quanto a esquerda devem
concordar com estes dois pressupostos. Caso contrário, não pode haver uma
discussão minimamente racional. Sendo assim, toda controvérsia deve se
concentrar sobre se, no caso atual do Brasil, há um crime de responsabilidade
ou não.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 5.0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
principal argumento à direita é que houve maquiagem das contas públicas,
violação da lei orçamentária. Por aí já se percebe que não se está tratando de
algo como enriquecimento ilícito, e este é justamente o principal argumento à
esquerda. Pois bem, é preciso deixar claro que ninguém pode ser acusado sem
saber do que está sendo acusado, e por isso o processo de impeachment de Dilma
Roussef se concentrou em torno das chamadas pedaladas fiscais, demora no
repasse de valores a bancos públicos, e nos decretos de crédito suplementar.
Este era o pressuposto jurídico sem o qual não se poderia passar para o
julgamento político. Particularmente, estou convencido de que não há evidência
alguma de crime de responsabilidade. Como diria Belchior: "tenho ouvido
muitos discos (leia-se vídeos), conversado com pessoas", e não é difícil
para mim chegar à conclusão de ausência de crime. Isto porque há vários níveis
pelos quais a discussão passa e, mesmo que se conceda razão aos que são a favor
do impeachment em um primeiro ou segundo nível, há um nível em que isto é, na
minha opinião, impossível.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 5.0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Poderíamos
arbitrariamente estipular vários níveis para esta discussão, de modo a dar
conta de desfazer os mais diversos mitos criados por uma dupla infalível:
parcialidade de quem informa, fanatismo de quem é informado. No entanto, por
didatismo, podemos fazer um recorte em três níveis:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 5.0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">1º.
Não há enriquecimento ilícito da presidente Dilma. Isto é curioso porque muito
se fala da Lava-a-jato. A julgar por dois detalhes importantíssimos que
lamentavelmente demonstram parcialidade do judiciário (a condução coercitiva de
Lula e o vazamento de áudios ilegais para insuflar ódio irracional na
população), era de se esperar que se chegasse a Dilma, via PT, a fim de fazer o
recorte jurídico que serviria de pressuposto ao julgamento político do
impeachment. Como isto não foi possível, fez-se um recorte em torno das
pedaladas e dos decretos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 5.0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">2º.
Não houve pedaladas nem decretos sem autorização do congresso. Não houve
pedaladas porque não houve operação de crédito com os bancos públicos, e os
créditos suplementares, que estavam condicionados ao cumprimento de uma meta
orçamentária por parte do governo, foram decretados de acordo com esta meta.
Não houve descumprimento da meta e, por isso, os decretos não foram ilegais. O
curioso deste ponto é que o governo esteve à beira de cometer este erro de que
está sendo acusado agora. Ao perceber que não cumpriria a tal meta, enviou
proposta de mudança da mesma ao congresso que... aprovou a meta. O mesmo
congresso que depois, com um exemplo emblemático do que significa a palavra
'cinismo', fez um julgamento político (leia-se sem fundamento jurídico) de que
não houve cumprimento da meta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 5.0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">3º.
Neste nível, entramos em um raciocínio contrafactual. É aquele ponto em que a
discussão já está praticamente terminada. Você defende A e seu interlocutor
defende B e, embora haja mais evidências em favor de A, você concede a
hipótese: e se B for o caso...? Pois bem, muito embora a cultura brasileira
faça um movimento pendular entre o messianismo e a iconoclastia, privilegiando
muitas vezes um único indivíduo em detrimento do grupo e do contexto em que
está inserido, é certo que a presidente da República não governa sozinha: para
isso há órgãos técnicos, os quais levam a cabo muitas decisões, corretas ou
não. O fato é que decisões que partem destes órgãos técnicos eximem a
presidente de dolo. O dolo é diferente da culpa, esta advém de negligência,
imperícia ou imprudência. Muito se tem acusado a presidente afastada destas
três coisas, talvez não sem razão, porém isto não caracteriza o dolo, que é a
intenção de cometer um malfeito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 5.0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">É
certo que estes pontos não esgotam a discussão. Em todos os níveis, há espaço
para o contraditório. Há quem traga à baila a época em que Dilma foi presidente
do Conselho de Administração da Petrobrás, há quem diga que a meta orçamentária
não é anual e sim bimestral ou que o rol de crimes de responsabilidade não é
exaustivo e sim exemplificativo, e há quem identifique o dolo na intenção de
vencer as eleições. No entanto, raramente as discussões chegam até este ponto;
há algumas que não chegam nem ao primeiro nível, mas apoiam-se em coisas como
inflação e desemprego (!). Podemos chamar estes casos de nível zero da
discussão, quando nosso interlocutor dá de ombros e afirma: pois que seja
golpe! Neste ponto, voltamos a 1964, e percebemos que a cultura democrática
brasileira ainda tem muito o que aprender.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 5.0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Desnecessário
dizer que a mídia apoiou as manifestações pró-impeachment, e não deixou a menor
dúvida de sua parcialidade quando abafou a delação de Sérgio Machado, em que
Romero Jucá fala explicitamente da intenção de colocar "o Michel" no
poder. Lembro que aguardei ansioso para assistir ao Jornal da Globo e ver o que
William Waack afirmaria em seu editorial e... nenhuma menção ao Michel. (Aliás, parece que a principal notícia aquele dia na GloboNews era a Venezuela). Para
concluir, e lembrando a frase de Brecht de que o pior analfabeto é o analfabeto
político, não duvido de que, numa enquete destinada a perguntar se o caso de
Dilma se assemelha mais ao de Collor ou ao de João Goulart, boa parte das
respostas seriam: "quem é João Goulart?".</span></div>
Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-11013957805934740372016-07-11T10:28:00.001-07:002016-08-07T12:22:33.656-07:00Deus ainda faz algum sentido pra você? ● Leandro Karnal no Roda Viva<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/XFqSVl9hspE" width="420"></iframe>Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-79695088430131717852016-04-30T12:58:00.001-07:002016-04-30T12:58:52.045-07:00Olívia (por Luis Fernando Verissimo)
Querida Olivia Schmid, muito obrigado pela carta que você me mandou no
hospital Pró-Cardíaco, quando soube que eu estava internado lá, na
semana passada. Sua carta me emocionou, bem como as muitas mensagens que
recebi de amigos e de desconhecidos como você, desejando meu
restabelecimento.<br />
O restabelecimento era garantido, pois eu estava nas mãos dos médicos
Claudio Domenico, Marcos Fernandes, Aline Vargas, Felipe Campos e toda a
retaguarda de craques do hospital, além do dr. Alberto Rosa e do dr.
Eduardo Saad, que instalou no meu peito o marca-passo que, se entendi
bem, vai me permitir competir nas próximas Olimpíadas.<br />
Mas, infelizmente, não pude responder sua cartinha, porque você não
colocou seu endereço. Só sei que você se chama Olivia (lindo nome), tem
10 anos, mora na Tijuca e cursa o quinto ano da Escola Municipal
Friedenreich. E que gosta muito de ler.<br />
Você me fez uma encomenda: pediu que eu escrevesse uma história sobre
pessoas que não gostam de acordar cedo de manhã, como você. Vou escrever
a história, Olivia, inclusive porque pertenço à mesma irmandade.<br />
<center class="ebz_native_center" style="display: block; height: 0px; margin: auto; overflow: hidden; width: auto;">
<div style="color: #888888; font-size: 10px; padding-bottom: 5px; padding-top: 10px; text-align: center;">
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</center>
Concordo que não existe maldade maior do que tirar a gente do quentinho
da cama com o pretexto absurdo de que é preciso ir à escola, trabalhar
etc., todas essas coisas que não se comparam com o prazer de ficar na
cama só mais um pouquinho.<br />
Acho até que poderíamos formar uma associação de pessoas que pensam
como nós, uma Associação dos que Odeiam Sair da Cama de Manhã (AOSCM).
Poderíamos até fazer reuniões do nosso grupo — desde que não fossem
muito cedo de manhã, claro.<br />
Você me fez um pedido e eu vou fazer um a você, Olivia. Por favor,
continue sendo o que você é. Não, não quero dizer leitora dos meus
livros, se bem que isto também. Continue sendo uma pessoa que consegue
emocionar outra pessoa com um simples ato de bondade, sem qualquer outro
pretexto a não ser sua vontade de ser solidária.<br />
Você deve ter notado que o pessoal anda muito mal-humorado, Olivia. Se
desentendem e brigam porque um não tolera a opinião do outro. Conversa
vira bate-boca, debate vira, às vezes, até troca de tapas.<br />
Uma das crises em que o Brasil está metido é uma crise de civilidade.
Não deixe que nada disso mude a sua maneira de ser, Olivia. O seu
simples ato de bondade vale mais do que qualquer um desses discursos
rancorosos. Animou meu coração mais do que um marca-passo.<br />
O Brasil precisa muito de você, Olivia.<br />
<br />
Luis Fernando Verissimo, na Gazeta do Povo do fim de semana de 9 e 10 de abril de 2016. Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-11149156277397904952016-02-17T16:12:00.001-08:002016-02-17T16:12:45.410-08:00Radiohead - Fake Plastic Trees<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/n5h0qHwNrHk" width="420"></iframe>Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-70640191851667906722016-02-02T14:03:00.000-08:002016-02-02T14:03:25.393-08:00My shadow days are over<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/daGcpvxPbCo" width="420"></iframe>Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-45918227082991012282015-12-19T10:41:00.000-08:002015-12-19T10:41:55.152-08:00Feliz ano velho (o verdadeiro)...de repente, entrou um bando de gente cantando e tocando violão. Foi aí que me dei conta:<br />
<br />
<i>Dingo bel, dingo bel</i><br />
<i>Já chegou Natal</i><br />
<i>Lá lá lá...</i><br />
<br />
Fiquei contente com as pessoas. Elas queriam, e conseguiram, transmitir uma felicidade, um espírito de Natal, um vamos-nos-dar-as-mãos que me deixou emocionado. Nunca fui muito de Natal, exceto quando criança, óbvio. Mas aquele dia a música me deixara feliz, feliz por saber que jamais teria outro Natal tão triste como aquele. Por saber, também, que, apesar de tudo, ainda existia Natal. E descobri que Natal é isso mesmo. Por que não um momento de ternura e amizade com as outras pessoas, mesmo levando uma vida fodida o ano inteiro?<br />
<br />
(...)<br />
<br />
...essa noite, pouco antes da meia-noite, acordei com fogos e gritaria na rua. Era Ano-Novo. E mudança de década: 1980. Não haveria champanhe, serpentinas ou abraços. Eu estava só.<br />
- Feliz Ano-Novo, Marcelo.<br />
- Pra você também, Marcelo.<br />
Admirava a alegria das pessoas na rua, uma alegria da qual não fazia parte. Estava triste e só.<br />
<br />
<i>Adeus Ano Velho, feliz Ano-Novo</i><br />
<br />
Não tinha o mínimo sentido. As lágrimas rolaram, chorei sozinho, ninguém poderia imaginar o que eu estava passando. Nada fazia sentido. Todos sofriam comigo, me davam força, me ajudavam, mas era eu que estava ali deitado, e era eu que estava desejando minha própria morte. Mas nem disto eu era capaz, não havia meio de largar aquela situação. Tinha que sofrer, tinha que estar só, tão só, que até meu corpo me abandonara. Comigo só estavam um par de olhos, nariz, ouvido e boca.<br />
<br />
<i>Feliz Ano Velho, adeus Ano-Novo</i><br />
<br />
Foi o que eu prometi a mim mesmo. "Se eu não voltar a andar, darei um jeito qualquer pra me matar." Era bom pensar assim. Eu não tinha medo de morrer. Era muito mais fácil a morte que a agonia daquela situação.<br />
- Parabéns, Marcelo. Foram vinte anos bem vividos. Deixará muitas saudades, alguns bons amigos, umas fãs. Fique tranquilo...<br />
<br />
(Marcelo Rubens Paiva, "Feliz Ano Velho")Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-5809904322406566812015-12-12T07:56:00.003-08:002015-12-12T07:59:03.009-08:00"eu quero saber o que tu me dá pra eu viver, cara"<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/YvjojB4PVd0" width="420"></iframe>Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-38180338268186710732015-08-29T12:28:00.002-07:002015-08-29T12:28:22.588-07:00Amnésia (durante a queda)*<!--[if gte mso 9]><xml>
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</xml><![endif]-->Durante a queda, esqueci o porquê de ter pulado do décimo
quinto andar da previdência social. Eu estava desempregado? Estava. Há milhões
de desempregados pelo país a fora, mas só eu estava caindo. Falhara em
conquistar o amor de Hilda? Falhara. Há milhões de malsucedidos no amor, mas só
eu caía. Por mais que me esforçasse, não conseguia lembrar por que eu pulara.
Apelei para os céus:
<br />
<div class="MsoNormal">
- Por queeeeeeeeê?</div>
<div class="MsoNormal">
A queda transformou meu apelo em um horrendo grito. A
pergunta e a angústia, portanto, continuavam, como eu, no ar, por muito pouco. Porque
o tempo nos impõe mais limites que o desespero, a falta de dinheiro ou o
desejo. E na queda, como na vida, o tempo se esgota antes da resposta. (Walther Moreira Santos. Em: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Geração Zero Zero</b>. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2011.)</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
*Conto transcrito do programa <a href="http://www.lumenfm.com.br/seliganolivro/leitura-viva/page/19/">Leitura Viva</a>, com Flávio Stein, da rádio <a href="http://www.lumenfm.com.br/walther-moreira-salles-amnesia-durante-a-queda/">lumen fm</a>.</div>
Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8540578937716388374.post-59066402385332728722015-08-29T12:15:00.000-07:002016-02-16T12:14:51.561-08:00Citação"...Às vezes eu gritava perguntas às rochas e às árvores e através dos desfiladeiros, ou cantava como um tirolês. - 'O que significa o vazio?' A resposta era o silêncio perfeito, e então eu entendia.<br />
Antes de deitar, lia à luz do candeeiro de querosene todo e qualquer livro que encontrasse no barraco. - É surpreendente como as pessoas isoladas ficam famintas por livros. - Depois de ler detidamente todas as palavras de um volume de medicina e as versões resumidas de peças de Shakespeare feitas por Charles e Mary Lamb, subi para o pequeno sótão e juntei velhos livros de bolso de caubóis e revistas que os ratos tinham destroçado - também joguei pôquer com três jogadores imaginários.<br />
Pouco antes de deitar, aquecia uma xícara de leite com uma colher de mel quase a ferver, e esse era o meu trago para a hora de deitar..." (Jack Kerouac, Sozinho no topo da montanha)Otáviohttp://www.blogger.com/profile/16709034957932227836noreply@blogger.com0